O
FUTURO NÃO É MAIS COMO ERA ANTIGAMENTE
Mario Sergio
Cortella e Pedro Bial oferecem em livro importantes reflexões para repensar a
juventude de hoje
Vivemos dias velozes, em que parece
não haver lugar para o passado, apenas para o futuro. Percebemos a juventude se
aproximando e se apropriando de referências e comportamentos de gerações
anteriores. Buscando entender esse fenômeno, a Papirus 7 Mares lança Gerações em ebulição: O passado do futuro e o futuro do
passado (128 pp., R$ 34,90), fruto
de um delicioso bate-papo, pontuado por referências históricas e culturais,
entre o filósofo Mario Sergio Cortella e o apresentador Pedro Bial, que falam sobre
juventude, ansiedade, ócio, rebeldia, militância política e empreendedorismo.
“Parece que nós perdemos alguma coisa
em algum lugar ao dizer que ‘o futuro não é mais como era antigamente’”, afirma
Cortella. “Vejo isso talvez como uma certa melancolia que é própria do caráter
brasileiro”, complementa Bial. Por melancolia ou mesmo desilusão com o futuro, os
jovens têm voltado seu olhar para trás, idealizando um passado que, talvez, não
tenha sido como imaginam. “O objeto de desejo de quem tem 20 anos é retomar um
tempo que nós, que estávamos com 20 anos naquele presente que ele deseja, não
queríamos”, observa Cortella.
Para o filósofo, o problema é que
falta à juventude, hoje, a ideia de uma causa. “É uma juventude pós-fé, pós-ideia de vida
eterna”, completa Bial. Os autores observam que se valoriza cada vez mais a
instantaneidade, o aqui e agora, o que gera muita ansiedade. Mas “é no
cotidiano que vamos nos resolvendo, e não no carpe diem”, ressalta o apresentador. Para Cortella, “a ausência
dessa causa, portanto, a vivência do carpe
diem como sendo uma eternidade, uma continuidade, um contínuo, um
moto-perpétuo que renova a si mesmo, é produtora de melancolia”.
Nesse contexto, Bial percebe muitos
jovens se envolvendo com militância política, mas por modismo, como se ela
fosse uma rebeldia obrigatória da idade: “Estou vendo a garotada idealizar a
militância política quando o exercício da política institucional é mais território
de profissionais, seja de políticos, gestores de políticas públicas ou
lobistas. Não vou julgar nem recriminar quem se engaja em causas que considera
nobres, mas vejo, por exemplo, mais resultados transformadores sobre a
realidade na atuação de jovens empreendedores, que geram riqueza e desafiam o
Estado de maneira efetiva e radical – e também política!”.
Para o apresentador, é importante conservar
o que funcionou, construir em cima do que já foi construído, e não destruir. “Se
você não tem passado, não tem também vida futura”, pondera. No entanto, é
preciso tomar cuidado com a mitificação do idoso, que é tão danosa quanto a
mitificação do jovem. “Dizer: ‘Meu mundo era bom’, ou, com a ideia de que o
mundo que vale é este que está sendo feito agora: ‘Esse passado, seu tempo, não
presta’, isso é esquecer a história. E esse esquecimento da história faz mal
para todos, sem exceção”, lembra Cortella. Portanto, não se deve desprezar a vivência
das pessoas com mais idade, nem a capacidade de conteúdo dos mais jovens. “Para
mim, um mundo aprazível é aquele em que uma geração não ofende a outra”,
conclui o filósofo.
Gerações em ebulição:
O passado do futuro e o futuro do passado é um livro que deve agradar
tanto aos mais jovens quanto aos mais velhos de idade!
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Sobre os autores:
Mario Sergio Cortella nasceu em Londrina (PR), em 1954. Filósofo e escritor, tem
mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular
por 35 anos (1977-2012). É professor convidado da Fundação Dom Cabral (desde
1997) e lecionou na GVpec da FGV-SP (1998-2010). Foi secretário municipal de
Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe
de gabinete do professor Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de
educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.
Pedro Bial nasceu no Rio de Janeiro, em 1958. É jornalista, escritor,
cineasta, poeta e apresentador. Atua
principalmente na televisão, sendo conhecido por ter apresentado os programas Fantástico, Big Brother Brasil e Na Moral. Atualmente
conduz o talk-show Conversa com
Bial, na
Rede Globo de Televisão. É autor de vários livros.
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