Em Vida e carreira: Um equilíbrio possível?,
Mario Sergio Cortella e Pedro Mandelli mostram o erro que é tentar separar o
lado pessoal do profissional e garantem que é possível ser feliz
Seu Antônio
começou a vida profissional aos 17 anos, como contínuo (uma espécie de office-boy) em um banco. Trabalhou na
instituição e lá se aposentou, tendo uma vida plena e feliz. Seu neto, aos 30
anos, já passou por 10 empresas e demorou a concluir o ensino superior porque
trocava de curso constantemente. Qual dos dois teve uma carreira mais feliz? O
que mudou entre uma geração e outra? Vida
e carreira: Um equilíbrio possível? (Papirus 7 Mares, 112 pp., R$ 39,90)
responde a essas e outras questões.
O assunto é
debatido por dois grandes consultores: Mario Sergio Cortella, filósofo,
educador e palestrante. E Pedro Mandelli, especialista em gestão de pessoas e
ex-colunista da revista Você S/A. Logo
no início, Cortella dispara: não existe diferença entre vida profissional e
vida pessoal. “As pessoas erroneamente pensam que vida pessoal e vida
profissional caminham separadas. Na realidade a profissional está contida
dentro da pessoal, isto é, a profissional é apenas uma dimensão da vida
pessoal. O que temos que compreender é que, em determinados momentos, viveremos
mais intensamente a vida profissional e, em outros, viveremos mais intensamente
a vida pessoal”, explica.
Na obra, os
autores falam de suas trajetórias profissionais, da construção da carreira, das
conexões entre estabilidade e segurança, de como diferentes gerações se
relacionam com o mercado de trabalho e a carreira, das contribuições da
tecnologia, de planos e projetos para o futuro, além de abordarem a questão da
felicidade na carreira.
O último tópico
citado, aliás, permeia boa parte do livro. “Esse é um viés meu e do Mario. Nós
dois somos pessoas felizes. A gente defende a tese de que o trabalho é parte da
sua vida. E na sua vida você precisa fazer um conjunto de escolhas pra que não
viva uma vida ‘pesada’, mas consiga se sentir feliz”, conta Mandelli.
Cortella completa:
“O livro vem trazer luz a essa questão que atualmente é crucial na vida das
pessoas. Muitas vezes ouvimos as pessoas dizerem que estão infelizes por causa
do emprego e que no dia em que forem fazer o que realmente querem ou estiverem
onde querem estar, aí sim serão felizes. Felicidade não é uma constante, são
episódios. Nós só gostamos da felicidade por causa de sua ausência. Se eu fosse
feliz o tempo todo, não seria feliz”.
Para aproveitar
bem a leitura da obra, Cortella ressalta que é preciso ter em mente que o livro
não é um manual, principalmente para quem ainda tem dúvidas em relação à
carreira (ou às mudanças nos rumos dela). “No livro se encontram informações
que podem te levar a uma resposta sobre quando é o momento de trocar de
emprego, por exemplo, mas é você quem deve decidir esse passo”, analisa o
autor.
Outro ponto que,
segundo Cortella, deve ficar bem claro é com relação à diferença entre trabalho
e emprego e entre cansaço e stress.
São fatores que, muitas vezes, podem levar a pessoa a pedir demissão ou se
sentir infeliz com o que faz. “Emprego é fonte de renda. Trabalho é onde você
encontra sentido naquilo que você está fazendo. Muitas vezes o trabalho e o
emprego andam juntos, mas muitas vezes não. Por sua vez, o cansaço é
consequência de uma atividade muito intensa e o stress é consequência de quando fazemos algo em que não vemos mais
sentido. Realizar algo que não se compreende o porquê de estar realizando
estressa”, explicita.
De acordo com
Pedro Mandelli, a área de gestão de pessoas – e consequentemente todo o
trabalho de recursos humanos – mudou muito nos últimos anos como resultado das
alterações de pensamento com relação à carreira e das próprias corporações. “Só
para se ter uma ideia, há 20 anos a empresa dava ‘sobrenome’ às pessoas que
nela atuavam. Hoje ela é uma parte transitória na vida das pessoas. Por outro
lado, mudou o valor que cada um tem dentro do próprio local onde trabalha,
mudou a expectativa em relação ao trabalho, mudou o papel do chefe, a forma de
remuneração. Enfim, mudou tudo!”, conta.
Para os dois
autores, o livro deve ser lido por todas as pessoas, pois toca em um assunto de
extremo interesse a todos. “As pessoas olhariam as empresas de um jeito diferente.
As pessoas veem [a empresa] como depositório das suas esperanças, e na verdade
a esperança tem que estar dentro da própria pessoa, ela tem que assumir os seus
rumos e seus caminhos, e as empresas fazem parte desse jogo. Daí o título do
livro”, finaliza Mandelli.
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