segunda-feira, 31 de maio de 2010

Entrevista com MARINS e MUSSAK

Como foi para você "escrever" esse livro com Eugenio Mussak?
L.M.: Sou um grande admirador do Eugenio. Ele é uma pessoa muito especial. Muito bem formado e competente, foi uma honra e um prazer estar a seu lado nessa conversa sobre motivação. Aprendi muito.

O que os leitores podem esperar do livro?
L.M.: Acredito que o livro os ajude a compreender o verdadeiro sentido da motivação. Motivação não é emoção, não é autoajuda. São os "motivos" pelos quais fazemos nossas opções. O livro pode ajudar as pessoas a encontrar seus verdadeiros motivos.

Qual trecho você destacaria e por quê?
L.M.: A discussão do verdadeiro sentido da motivação pela razão é um dos pontos relevantes, em minha opinião.

Você compara a motivação ocidentalizada e urbana, que precisa de um aditivo ou recompensa, com a dos aborígenes, que se motivam apenas pela essência da vida, por seus valores permanentes. O que nós, ocidentais urbanizados, podemos aprender e aproveitar da cultura dos aborígenes?
L.M.: A motivação que precisa de recompensas materiais é falsa motivação. Não é duradoura, não nos mostra os 'motivos'. As coisas transitórias podem nos dar alegria ou tristeza. Só as coisas permanentes podem nos motivar verdadeiramente. Essa é a diferença e essa é a razão pela qual nos achamos infelizes. Exatamente por buscarmos a motivação onde ela não está - nos bens materiais e nas coisas transitórias.

A "geração miojo" tem salvação?
L.M.: Ela está salva. Acredite. Ela mesma já está descobrindo o valor do fazer com sentimento de fazer; do não valor das coisas efêmeras e das gratificações instantâneas.

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Como foi para você "escrever" este livro com o professor Marins?
E.M.: Eu me considero um amigo do Marins e, mais do que isso, ele sempre foi um modelo para mim por sua vasta experiência em consultoria empresarial. Eu lia seus artigos e procurava me inspirar nele. Para mim, é motivo de orgulho ter participado desse projeto com ele, pois eu o considero uma fonte inesgotável de conceitos e história. Trata-se de uma pessoa que estuda muito, lê compulsivamente e tem uma rica história de vida. Produzir um livro ao lado dele foi, acima de tudo, um aprendizado.

O que os leitores podem esperar do livro?
E.M.: Acredito que seja mais fácil dizer aos leitores o que não esperar desse livro: não devem esperar uma abordagem acadêmica, nem um compêndio de autoajuda. Também não esperem encontrar respostas prontas, pois a finalidade desse livro é estimular o pensamento das pessoas acerca do tema motivação. Existe hoje uma grande quantidade de publicações superficiais sobre o assunto. Assim como no futebol, todo mundo tem sua opinião sobre motivação, mas poucas são as pessoas que se debruçaram para estudar profundamente o tema. Nesse livro você encontra uma grande riqueza de informações sobre o que é motivação.

Qual trecho você destacaria e por quê?
E.M.: Essa é uma pergunta difícil... Mas tem um momento em que o Marins levanta a questão da vontade humana e a coloca como um valor, que chega a ser mais importante do que o conhecimento. Pois o conhecimento depende da vontade para ser transformado em benefício à pessoa. Nós discutimos esse assunto, que é uma parte realmente importante do livro. Ele lembra, por exemplo, das Olimpíadas, que são extremamente simbólicas, pois são o espetáculo do ser humano vencendo a si próprio e eu faço um contraponto, lembrando que elas existem desde a antiga Grécia com o slogan: "mais alto, mais rápido e mais forte". As pessoas queriam exibir-se aos deuses e se reuniam com a finalidade de mostrar quem era o mais rápido, o mais forte e quem ia mais alto. A grande motivação delas não era competir umas com as outras e sim competir consigo mesmas, provando ser cada vez melhores. Se conseguirmos motivar as pessoas com esse princípio grego, buscando vencer seus limites, acho que isso justifica o livro.

Na parte em que você fala sobre o que é importante e fundamental para presidentes de empresas e corporações, como transmitir isso para um atleta, por exemplo, que tem carreira curta ou para uma dona de casa, cujo trabalho se mistura com o fundamental?
E.M.: O que de fato motiva as pessoas é o desafio. Se você não conseguir motivar uma pessoa pelo desafio é porque provavelmente não é o desafio certo para aquela pessoa ou a pessoa certa para aquele desafio. O mundo corporativo está recheado de desafios, e o esportivo também. Ser melhor que o outro pressupõe que você é igual ao outro, e a política é ser melhor do que você mesmo. A analogia entre mundo corporativo e esporte é muito forte, e a questão é instituir esses desafios. Agora, o que é esgotante na vida da dona de casa é que sua rotina parece não ter fim. Ela faz o trabalho em casa hoje, ao longo do dia, e amanhã terá que fazer tudo de novo, porque ele não termina. Parece que está sempre sendo executado durante o dia e destruído à noite, por isso parece não ser valorizado. Na realidade, não acontece só na vida da dona de casa. Todos os trabalhos que fazemos são refeitos. Eu dou uma aula hoje na faculdade e amanhã darei a mesma para outra turma. Todos os trabalhos têm uma rotina, mas no caso da dona de casa essa rotina aparece mais. A metáfora do Sísifo se aplica a essa situação. Durante o dia, ele empurrava a pedra montanha acima e, à noite, ela descia encosta abaixo. Esse era o castigo dos deuses por terem sido desafiados por ele. A questão aqui não é levá-la repetidamente até o topo, e sim empurrar a pedra com cada vez mais qualidade. Não importa o resultado. Ele vai ser uma consequência da qualidade com que você realizou sua tarefa. Quanto mais empenho, mais amor, melhor será o resultado. Uma forma de você diminuir a angústia pela rotina é essa. Jamais atingiremos a perfeição, mas nossa missão é buscar a excelência, que é um comportamento que nos permite sonhar com a perfeição.

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