A crescente popularização da internet no mundo
todo, nos últimos anos, propiciou o surgimento de novas formas de participação,
organização e atuação das pessoas. Tanto é assim que práticas ativistas
passaram a tomar conta das redes sociais, num movimento denominado net-ativismo. A fim de promover um
debate transdisciplinar, ampliar e consolidar o espaço de reflexão sobre essa
temática, a Papirus lançou Net-ativismo: Redes digitais e novas
práticas de participação (304 pp., R$ 59,90), livro organizado
por Massimo di Felice, Eliete Pereira e Erick Roza.
Atualmente, não passamos um dia sequer sem receber e-mails e convites para adesões contra a
fome, em prol da luta contra algum tipo de preconceito ou simplesmente para
mostrar indignação diante de injustiças, desmandos e mazelas. Esse fenômeno,
que vem sendo analisado nas principais universidades nacionais e estrangeiras,
é apresentado nessa obra por alguns de seus mais importantes estudiosos, como Pierre
Lévy, Lucia Santaella, Michel Maffesoli e Stéphane Hugon.
Comparando esse momento tecnológico ao ocorrido na Europa
com Gutenberg — que permitiu a reprodução de textos em escala, difundindo assim
o hábito da leitura e ampliando o acesso ao conhecimento —, as redes sociais
digitais começaram a implementar um novo tipo de reforma que deve alterar as
formas políticas existentes, provocando transformações sociais qualitativas.
Segundo os organizadores da obra, “se a tipografia teve um papel central nos
conflitos que levaram, na Europa, a duas revoluções modernas, a inglesa e a
francesa, difundindo os conteúdos iluministas em livros e panfletos que se
multiplicavam pela técnica da impressão, apesar da censura e da queima em praça
pública de textos hostis às instituições e ao poder eclesiástico, não é difícil
imaginar que as redes digitais implementarão uma nova arquitetura da
participação, alterando o significado contemporâneo de democracia”.
Diante desse novo contexto tecnológico e
comunicativo da participação e da ação social, esse livro, composto por artigos
de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, apresenta os significados das
diversas formas do ativismo emergente nas redes digitais, tomando a pluralidade
e as especificidades tecnológicas, sociais e culturais dessa prática.
Obra dividida em duas partes, a primeira abrange as
teorias da ação, da política e da ecologia que traduzem o arcabouço do fenômeno
do net-ativismo. Na segunda, apresentam-se estudos de casos nacionais e
internacionais que iluminam as especificidades e a diversidade do ativismo em
rede e nas redes.
Com abordagens diferentes, os autores apontam
múltiplas questões e aspectos envolvidos nessa temática tão em pauta nos dias
de hoje.
Sobre os organizadores:
Massimo di
Felice
tem
doutorado em Ciências da Comunicação (USP), com pós-doutorado em Sociologia
(Universidade Paris V). É professor livre-docente da ECA/USP, onde coordena o
Centro de Pesquisa Atopos, além de professor visitante da Libera Università di
Lingue e Comunicazione de Milão e da Universidade Lusófona do Porto. Tem
ensaios e artigos publicados em vários países. No Brasil, coordena a coleção
Era Digital (Difusão) e a coleção Atopos (Annablume).
Eliete Pereira é doutora em
Ciências da Comunicação (USP) e pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação
Interunidades em Museologia, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. No
Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP), coordena a linha de pesquisa “Tekó: As
redes digitais indígenas”. É autora do livro Ciborgues indígen@s.br: A presença nativa no ciberespaço.
Erick Roza, doutor em Comunicação Social (USP), é membro do
Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP) e pesquisador no estudo internacional
“Net-ativismo: Ações colaborativas nas redes digitais e nos territórios
informativos”. É coautor do livro Empresas
e consumidores em rede: Um estudo das práticas colaborativas no Brasil.
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