Lino de Macedo e Rodrigo Bressan discutem em livro como as neurociências podem ajudar no processo de aprendizagem
O
que é aprender? Como a aprendizagem acontece? E os transtornos mentais? Qual é
o papel da escola nesses casos? Desafios da
aprendizagem: Como as neurociências podem ajudar pais e professores
(Papirus 7 Mares, 128 pp., R$ 39,50) discute essas e outras questões e procura
mostrar de que modo os estudos em neurociências podem lançar luz sobre vários
aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes na escola.
“O
problema da escola de hoje, inclusiva ou para todos, é o de possibilitar que
todas as crianças e jovens, no limite de suas possibilidades, aprendam, o que
implica considerar suas condições orgânicas, sociais, cognitivas, emocionais e
físicas”, explica Lino de Macedo. “Por comparação”, continua ele, “se o
problema da escola de ontem era o de ensinar, o da atual é o do aprender em seu
duplo sentido: cognitivo (aprender conceitos e operações) e socioemocional (aprender
a conviver em um contexto institucional com regras e limites comportamentais)”.
Como
observa Rodrigo Bressan, este é o grande desafio da escola: ela precisa saber
lidar com todos os perfis de indivíduos, ajudar no bom desenvolvimento dos
alunos que têm um funcionamento dentro da normalidade, ou da média, mas também
amparar aqueles que são ligeiramente desviantes ou que possuem um
comprometimento maior.
“Há crianças que aprendem a falar e a dominar
a linguagem escrita mais tardiamente que outras, por exemplo, e é fundamental
entender e acolher essa diversidade dentro da escola. Isso é um grande desafio,
pois a escola é naturalmente uma instituição normatizadora, que busca trazer
todos os alunos para um padrão”, explica Bressan.
Nesse
contexto, buscar informação é fundamental para saber diferenciar, por exemplo, os
casos de transtorno mental, que são normalmente vistos como graves. Imagina-se
que os tratamentos não funcionem e que o uso de medicamentos seja sempre
necessário. Para os autores, é preciso ensinar e mostrar que os transtornos mentais
são comuns, tratáveis e que apenas uma pequena minoria representa situações mais
difíceis.
As pesquisas apontam o quanto o preconceito atrapalha a
prevenção e o tratamento. O conhecimento leva à diminuição de estigmas, que é
um dos objetivos desse livro.
Sobre os autores:
Lino de Macedo é professor titular aposentado do Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo (USP). No Programa de Pós-graduação em Psicologia
Escolar e do Desenvolvimento Humano, orientou 80 teses de doutorado e
dissertações de mestrado. Sua atuação como docente e pesquisador volta-se à
área de psicologia do desenvolvimento. Dedica-se ao estudo do uso de jogos e
brincadeiras como recursos de observação e promoção de processos de
desenvolvimento e aprendizagem. Membro da Academia Paulista de Psicologia,
também integra o Instituto Pensi da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, em nome
do qual participa do conselho deliberativo e da comissão científica do Núcleo
Ciência pela Infância (NCPI). Participou do grupo que concebeu o Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) e o atual currículo da escola fundamental II e do ensino
médio do estado de São Paulo.
Rodrigo Affonseca Bressan é médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo, com mestrado e doutorado em Psiquiatria e Psicologia Médica
pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde atua como
professor-adjunto livre-docente no Departamento de Psiquiatria. É ainda
professor honorário no Instituto de Psiquiatria do King's College, da
Universidade de Londres, onde realizou seu pós-doutorado. Integra o conselho
consultivo da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Pessoas com
Esquizofrenia (Abre). Coordena o Programa de Esquizofrenia (Proesq) e o Laboratório
Interdisciplinar de Neurociências Clínicas (Linc) da Unifesp, e também o Grupo
de Imagem Molecular do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert
Eisntein.
Nenhum comentário:
Postar um comentário