sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Dia das Mães



Hoje foi o Dia das Mães.
Então eu e a Júlia, minha irmã, a gente resolveu dar um presente para ela. A mamãe sempre diz que o maior presente dela é a gente, eu e a Júlia, mas mesmo assim a gente achou melhor pensar em outro presente para o Dia das Mães, senão, sei lá, fica sem graça. E como ela ganhou a gente de presente já faz bastante tempo, é preciso dar outras coisas de vez em quando.

***

Eu dei dois presentes.
O primeiro foi feito na escola. Todo ano, antes do Dia das Mães, nossa professora, que se chama Aninha, que também é mãe, mas que para a gente é Tia, nos manda fazer um desenho para dar a nossas mães, cada um para a sua.(...)

***

Ontem, meu pai chamou eu e a Júlia no canto e disse baixinho que a gente ia ao shopping para comprar um presente para minha mãe, mas que ela não podia saber que a gente ia sair porque seria uma surpresa.

(...) – e a gente foi para o shopping. Chegamos bem rápido, mas não adiantou nada porque o estacionamento estava tão cheio que ficamos rodando um tempão até acharmos uma vaga. Papai olhou bem para o número da vaga e falou alto:
– 2E3, é 2E3. Vamos lá.

(...) Quando saímos do elevador – quase que a gente também não consegue sair no andar certo –, meu pai falou:
– Eu vou liderar a nossa empreitada. Primeiro, eu vou à loja de informática para ver se tem alguma novidade para a minha empresa e, enquanto isso, vocês vão onde quiserem e nos encontramos daqui duas horas na praça de alimentação. Até já.
E ele foi.

Minha irmã disse que ia ver umas roupas e que eu deveria ir com ela porque tinha muita gente no shopping e eu poderia me perder. Não gostei porque quando ela compra roupa demora muito em cada loja, mas não teve jeito e fiquei vendo ela experimentar blusas, calças, saias, vestidos, sapatos, sandálias e até roupas íntimas, mas aí eu não vi. A cada roupa nova ela ligava no celular para as amigas, para pedir a opinião delas. Não sei por que, elas não podiam ver, só eu podia, mas ela não perguntou minha opinião.

Para piorar as coisas, ela me pediu para segurar as sacolas de compras, mas daí eu falei que só ia segurar se ela me levasse na loja de brinquedos – tá pensando o quê! Ela topou, mas não deu para ficar muito tempo na loja de brinquedos porque as duas horas já estavam acabando. Eu comprei dois carrinhos legais e fomos para a praça de alimentação.

Chegamos bem na hora combinada, mas nada do papai. Então a gente foi comprar um lanche: sanduíche, refrigerante e batata frita, como sempre, e depois um sorvete. Só a Júlia sabe o que tem de verdade para comer e beber porque está tudo escrito em inglês na praça de alimentação do shopping e ela estuda inglês na escola. Eu escolho pelas imagens e pelos números que eles colocaram lá, ainda bem. Mas acho que não custaria nada escreverem em português de vez em quando, para eu treinar a leitura.

Então meu pai chegou, com sacolas também, e tomei outro sorvete enquanto ele comia o lanche inglês. Ele falou que estava satisfeito porque, depois de muita discussão, tinha conseguido um desconto agressivo e que era uma falta de ética os comerciantes cobrarem tão caro, mas que ele tinha feito, como diz o Vô Chico, um negócio da China. É verdade, nesse shopping a gente pensa que está em outro país.

– Vamos embora? – perguntou papai.
– A gente ainda não comprou nada para a mamãe! – eu falei, e papai disse que, óbvio, que ele queria ver se eu não tinha esquecido, e minha irmã disse “essa é boa”, e meu pai olhou feio para ela. A gente não sabia o que dar à mamãe. A Júlia pensou, pensou, e disse “achei! Vou dar um celular”.
– De novo!? – eu falei. – Você já deu um o ano passado. O que ela vai fazer com tanto celular?

Papai falou que era uma boa ideia porque em um ano o celular fica velho e imprestável e não fica bem andar com celular antigo porque os outros reparam. Então a gente foi comprar um celular que faz um montão de coisas além de falar e ouvir.
Eu não podia comprar um celular também porque ia ficar meio repetido.

Então pensei em comprar um livro e papai propôs um de autoajuda, mas a Júlia disse rindo que mamãe já tinha lido cinco e que não tinha adiantado nada e que ela continuava professora.
(...) A gente foi à livraria para ter ideias.
(...) meu pai propôs que eu comprasse um CD para a mamãe. Foi uma boa ideia porque na loja de CDs a gente logo achou um presente bem legal: o vendedor disse que tinha chegado o novo CD de Julio Iglesias.

– Novo? – perguntou Júlia. – Novo não. No caso de Julio Iglesias, melhor dizer que é o último CD dele. Não entendi direito o que ela quis dizer, mas tanto faz porque a mamãe diz que adora Julio Iglesias e que até chora quando ouve, então compramos e a gente foi embora procurar o carro. Papai ficou em dúvida se estacionamos no 2E3 ou no 3E2. Ninguém lembrava e chegamos bastante tarde em casa...

***

E hoje chegou o Dia das Mães. Logo de manhã, depois de acordar, eu e a Júlia, a gente foi dar os presentes. Mamãe adorou o celular, deu um beijão na Júlia e logo gravou nossas vozes para quando alguém chamar. Ela adorou o desenho com troféus que ela achou original, e ela me deu um beijão. Ela também adorou o último novo CD do Julio Iglesias dizendo que era exatamente o CD que ela tanto desejava e me deu outro beijão. Daí ela falou que a gente era muito bonzinho e que o maior presente da vida dela era a gente, eu e a Júlia.
Ela sempre diz isso, mas acho que ficou contente de ganhar alguma outra coisa.

Trecho extraído da história “O dia das mães” do livro Ética para meus pais, de Yves de La Taille. Uma excelente opção de presente para sua mãe!

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