sexta-feira, 18 de março de 2011

POEMAS...

QUERIA VOLTAR

Queria brincar de mudar meu destino,
sem vergonha, chorar.
Queria voltar a ser menino,
com nada me importar.
Queria voltar a ser menino, acreditar
em meias verdades,
acreditar na desconhecida felicidade.
Queria voltar a ser menino
para me fazer rei,
fazer meu mundo sem leis.

Mas minha cara está encabelando,
meus sentimentos, ignóbeis
estão se tornando.
É como uma doença que me consome.
Estou me tornando homem...

(retirado do livro Queria brincar de mudar meu destino, de Gilvã Mendes)
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Safena

Sabe o que é um coração
Bater até o máximo do seu sangue?
Até o máximo de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega!
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tintas, tijolo
comecem a obra!
Por amor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos de novo tudo do novo começo.
Iansã, Afrodite, Oxum, Nossa Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Peitos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou eu de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões
Vassouras, águas, rodos, flanelas e ceras
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes que
Vai começar o banquete
de amar de novo
Gatos, heróis, artistas, psicanalistas, fotógrafos, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate
O homem que hoje me amar
encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.

(de Elisa Lucinda, poema retirado do livro A poesia do encontro)

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