SONO
(um gracejo para a história)
O homem acordou um pouquinho e voltou a dormir.
NO FINAL, FOI O VERBO
(um gracejo para a nossa obra pretérita e quase perfeita)
Eu matei
Tu mataste
Ele matou
Nós matamos
Vós matastes
Eles mataram
1/4/2003
PERDIDO
(um gracejo sem direção)
– (entredentes) Perdeu, perdeu.
a carteira
o relógio
o revólver
o medo
viajam sem rumo
nas letras
minúsculas
de um nome josé.
carteira, josé, relógio, revólver, medo.
– (desnorteado) Perdemos...
RESUMO DA ÓPERA
(um gracejo em movimento)
só nos resta
respirar
comer
beber
foder
tomar banho
escovar os dentes
usar papel higiênico macio
morrer
e (para os de bom gosto)
nascer
(poesias extraídas do livro Paisagem vista do trem, de Antonio Calloni)
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Além do livro Paisagem vista do trem, a Papirus publicou duas outras obras recheadas com poemas de seus próprios autores e/ou de outros autores consagrados. São elas:
A POESIA DO ENCONTRO
A palavra encontra o papel, o autor encontra a imagem que vai traduzir sua ideia, o leitor se encontra com uma sensação que já conhecia, mas que nunca havia formulado claramente antes. Poesia é a arte do encontro.
E do encontro de Elisa Lucinda e Rubem Alves só se pode esperar beleza, encantamento. Como diz Gilberto Dimenstein no prefácio: "Não me lembro (...) de ter sentido tanta emoção com a poesia como nesse dia em que os dois se reuniram para fazer esse livro – uma não conhecia o outro, e a força da palavra fez deles rapidamente íntimos, como se fossem amigos de longa data". Essa "fulminante intimidade entre Elisa e Rubem, dois educadores que respiram poesia, é a intimidade que a arte nos faz ter com a vida".
No DVD "Poesia à vista", que acompanha o livro, a perfeita ilustração e complemento das ideias e da emoção transbordante do texto.
e...
QUERIA BRINCAR DE MUDAR MEU DESTINO
Nas palavras de Gilberto Dimenstein “esse livro é a história de um amor quase impossível entre um jovem e a poesia. Um amor tão forte e avassalador que superou barreiras – a começar por uma barreira feita de duas rodas.
Vítima de paralisia cerebral e preso a uma cadeira de rodas, com dificuldades de falar e até de movimentar os dedos, Gilvã Mendes é uma síntese de marginalidades: além de portador de deficiência física, é pobre, negro e nordestino. Vive em uma comunidade popular de uma cidade – Salvador – repleta de ladeiras e carente de calçadas. A discriminação fez com que demorasse a ser aceito na escola.
Seu refúgio e seu horizonte estavam na escrita, onde aprendeu a voar – e voar tão alto que virou escritor. Queria brincar de mudar meu destino mostra como o prazer da palavra, essa encantada brincadeira de descobrir e mudar o mundo pela expressão, abriu possibilidades entre tantas impossibilidades. Só mesmo uma grande paixão para fazer uma cadeira de rodas voar”.
Maravilhosa homenagem ao DIA NACIONAL da POESIA!!!! Obrigada,
ResponderExcluirAna M M Pereira