Dois
dos maiores pensadores contemporâneos no Brasil discutem, em novo livro,
questões referentes à nossa existência
Qual o sentido da vida? O que nos trouxe até
aqui? Destino ou escolha? Somos livres até que ponto? Por que algumas pessoas têm
mais sucesso do que outras no que fazem? Será dom, vocação ou esforço? Em Viver, a que se destina? (128 pp., R$ 39,90), lançamento da Papirus 7
Mares, Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal refletem sobre essas e outras questões
que há séculos fascinam e intrigam a humanidade.
Viver é um desafio contínuo. A ciência, a
filosofia, a religião e a arte têm oferecido algumas possibilidades de resposta
para nossas inquietações. Afinal, pode ser aterrador imaginar que não há um
destino, algo que explique a nossa existência. Por outro lado, a ausência de
sentido nos deixa livres para ser e viver conforme desejarmos – embora isso
implique também responsabilidade. “A ideia de destino é tranquilizadora. Ela
nos deixa mais serenos”, comenta Cortella. “Porque se cremos que alguém, fora
de nós, anterior, superior a nós decide qual será a nossa rota”, explica ele, “isso
é muito mais adequado do que imaginar que precisamos fazer escolhas. Toda
escolha implica responsabilidade e consequência”.
Karnal defende como libertador ter de
inventar seu próprio sentido. E observa: “Podemos entender que a existência é
aleatória, não tem sentido, nada muda definitivamente nada. Mas, ao formar a
minha ideia aleatória de sentido, que é histórica, estou produzindo algo que eu
creio ser significativo”.
Seja escolha ou destino, seja a vida um drama
que vamos tecendo ou uma tragédia anunciada, fato é que estamos sempre procurando
algum propósito que torne a existência mais significativa. Poucas pessoas convivem
bem com a ideia de uma existência sem determinação, inteiramente livre e
absolutamente sem sentido. “Muitos demandam uma onisciência superior que, de
forma justa e inteligente, determine tudo ou quase tudo”, lembra Karnal.
Afinal, o que
justifica viver?
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“Qual é, então, a nossa margem de
liberdade? Eu sou livre porque estou num tempo em que não ser desse modo não é
aceitável? Mas estar nesse tempo em que estou não foi uma escolha minha. E se
não foi uma escolha minha, o que é minha escolha?” CORTELLA
“Entender
que o destino da vida é múltiplo, que as escolhas implicam perdas, que a
potência de tudo está contida a cada curva da estrada, que eu sou eu e minhas
circunstâncias e que é possível interferir, mas não no grau de um ser
todo-poderoso, isso deveria nos tornar um pouco mais perfectíveis.” KARNAL